A história do Liverpool FC é uma jornada de glórias, tragédias e uma conexão inabalável com seus torcedores, onde o clube nunca caminha sozinho
-09/10/2024
A história do Liverpool FC é uma jornada de glórias, tragédias e uma conexão inabalável com seus torcedores, onde o clube nunca caminha sozinho
O Liverpool Football Club é um dos gigantes do futebol mundial, uma equipe que, ao longo de sua história, construiu uma relação íntima com seus torcedores, colecionou glórias e superou momentos de extrema adversidade. Fundado em 1892, no coração da cidade de Liverpool, o clube é sinônimo de paixão, sucesso e resiliência. Com sua famosa camisa vermelha e o mítico Anfield como casa, o Liverpool foi além do futebol para se tornar uma das instituições esportivas mais respeitadas do mundo.
A história do Liverpool começa, curiosamente, com um desentendimento. Em 1892, o Everton, que até então jogava no estádio Anfield, teve uma briga com o dono do campo, John Houlding, sobre questões financeiras. Everton decidiu se mudar para Goodison Park, deixando Houlding sem um time para jogar em Anfield. Diante dessa situação, Houlding fundou seu próprio clube, o Liverpool FC, que inicialmente vestia azul e branco, e entrou na Liga de Futebol um ano depois, em 1893.
Nos primeiros anos, o clube começou a construir seu nome no cenário futebolístico inglês. Conquistou seu primeiro título da primeira divisão em 1901, repetindo o feito em 1906. Embora o sucesso inicial tenha sido um sinal do que estava por vir, o clube ainda estava longe de ser a potência mundial que se tornaria no século XX.
O Liverpool continuou a crescer lentamente, e nas décadas seguintes, o clube alternou momentos de sucesso com fases de estagnação. Durante a primeira metade do século XX, o Liverpool conquistou mais alguns títulos da liga, mas foram os anos 50 que marcaram uma mudança crucial na trajetória do clube. Foi quando Bill Shankly assumiu o comando técnico em 1959, transformando completamente o Liverpool e lançando as bases do que seria uma das maiores dinastias da história do futebol.
Shankly não apenas trouxe novas ideias táticas, mas também criou uma conexão única entre o time, o clube e os torcedores. Seu trabalho não se limitou ao campo; ele modernizou as instalações e trouxe uma mentalidade vencedora para o Liverpool, elevando o nível da equipe e criando o famoso “boot room”, onde treinadores e jogadores discutiam táticas e estratégias. Em 1962, Shankly conduziu o Liverpool de volta à primeira divisão e, em 1964, conquistou seu primeiro título da liga em 17 anos.
Sob a liderança de Shankly e, mais tarde, Bob Paisley, o Liverpool se estabeleceu como a maior força do futebol inglês e europeu. Os anos 70 e 80 foram, sem dúvida, as décadas douradas do Liverpool. O clube conquistou seus primeiros títulos europeus e dominou o futebol britânico, vencendo a liga repetidamente e levantando a taça da Liga dos Campeões da UEFA, então chamada de Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Em 1977, os Reds conquistou sua primeira Taça dos Campeões ao vencer o Borussia Mönchengladbach por 3 a 1 na final, com gols de Terry McDermott, Tommy Smith e Phil Neal. Foi o início de uma era de sucesso europeu, que incluiria mais três títulos nos anos seguintes. Bob Paisley, que assumiu após a aposentadoria de Shankly, se tornaria o técnico mais bem-sucedido da história do clube, conquistando um total de seis títulos da liga e três Taças dos Campeões.
Nessa época, jogadores lendários como Kenny Dalglish, Graeme Souness e Ian Rush emergiram como ícones do clube. O estilo de jogo do time era baseado em um futebol organizado, mas agressivo, com uma defesa sólida e um ataque implacável. Durante esse período, o Liverpool não era apenas um time dominante, era uma máquina de vencer, que impunha respeito em qualquer estádio do mundo.
Apesar de todo o sucesso dentro de campo, a história do Liverpool também foi marcada por tragédias. A primeira foi o desastre de Heysel, em 1985, na final da Taça dos Campeões Europeus contra a Juventus. Antes do jogo, uma briga entre torcedores resultou no colapso de uma parede do estádio, causando a morte de 39 pessoas, a maioria torcedores da Juventus. Como consequência, os clubes ingleses foram banidos das competições europeias por cinco anos, e o Liverpool por seis.
Quatro anos depois, em 1989, os Reds enfrentaram mais uma tragédia, desta vez no próprio país. No desastre de Hillsborough, durante uma semifinal da FA Cup contra o Nottingham Forest, 96 torcedores do Liverpool perderam a vida devido à superlotação do estádio e à falha na organização do evento. O impacto dessa tragédia foi devastador para o clube e para a cidade de Liverpool. Durante anos, os torcedores e as famílias das vítimas lutaram por justiça, e apenas décadas depois a verdade sobre o desastre foi oficialmente reconhecida pelas autoridades.
Após o auge nos anos 70 e 80, o Liverpool entrou em um longo período de seca. Durante grande parte dos anos 90 e 2000, o clube lutou para voltar ao topo do futebol inglês. Embora tenha conquistado títulos menores, como a Copa da UEFA em 2001 e a FA Cup, o Liverpool não conseguia igualar seu antigo domínio. A ausência de um título da Premier League, que foi criada em 1992, se tornou uma mancha na história recente do clube.
No entanto, o espírito de luta nunca abandonou o Liverpool. E em 2005, o clube protagonizou uma das maiores reviravoltas da história do futebol. Na final da Liga dos Campeões, em Istambul, o Liverpool perdia por 3 a 0 para o Milan no intervalo. No segundo tempo, em uma virada épica, o time empatou o jogo em 3 a 3 e venceu nos pênaltis, conquistando sua quinta taça europeia. O capitão Steven Gerrard, que liderou o time na virada, se tornou um símbolo da alma e da paixão do Liverpool. “Nunca desistimos, esse é o espírito do Liverpool”, disse Gerrard após o jogo.
Em 2015, o Liverpool encontrou o homem que lideraria o clube de volta à glória: Jürgen Klopp. Com uma abordagem enérgica, carismática e focada no “futebol heavy metal”, Klopp rapidamente conquistou o coração dos torcedores. Ele construiu um time baseado em intensidade, pressão alta e velocidade, características que ressuscitaram o Liverpool como uma das forças mais temidas da Europa.
Em 2019, Klopp conduziu o Liverpool à sua sexta Liga dos Campeões, derrotando o Tottenham por 2 a 0 na final. Mas a maior conquista ainda estava por vir. Em 2020, o Liverpool finalmente quebrou o jejum de 30 anos sem vencer a liga nacional, conquistando a tão esperada Premier League. Com um time liderado por estrelas como Mohamed Salah, Sadio Mané, Virgil van Dijk e Alisson Becker, o Liverpool dominou o futebol inglês de maneira avassaladora.
Uma das características mais marcantes do clube é sua relação com a torcida. O canto “You’ll Never Walk Alone”, que ecoa em Anfield antes de cada jogo, é mais do que um hino: é uma filosofia de vida. A música, que simboliza a solidariedade e a resiliência, define a essência do clube e a lealdade inabalável de seus fãs, mesmo nos momentos mais difíceis.
Nos bons e maus momentos, o Liverpool sempre caminhou de mãos dadas com seus torcedores. Essa conexão especial entre time e torcida é o que faz do Liverpool um clube único, onde o futebol vai além do esporte e se torna uma expressão de identidade, orgulho e história.
Escute a famosa faixa no Spotify:
O Liverpool FC não é apenas um clube de futebol. É uma instituição que representa luta, superação e paixão. Desde sua fundação em 1892, o clube passou por altos e baixos, mas sempre manteve sua essência: um clube feito de torcedores, para torcedores. Das glórias de Shankly e Paisley à era de Klopp, passando pelas tragédias de Heysel e Hillsborough, o Liverpool construiu um legado que vai muito além dos troféus. A camisa vermelha, o hino “You’ll Never Walk Alone” e o mítico Anfield fazem do Liverpool uma verdadeira religião para milhões de pessoas ao redor do mundo. E essa história, repleta de emoção, continua a ser escrita, com a certeza de que o Liverpool nunca caminhará sozinho.
Jornalista em formação pela Unesp Bauru.
Desenvolvido por Estratégia Digital