Millwall vs West Ham: a rivalidade mais brutal de Londres

Conheça as origens e razões da rivalidade entre os clubes

A rivalidade entre Millwall e West Ham United é uma das mais fortes do futebol inglês, marcada por mais de um século de confrontos, ódio e disputas dentro e fora do campo. Esse confronto transcende o esporte e está profundamente enraizado nas divisões sociais, econômicas e culturais de Londres.

As raízes da rivalidade:

A rivalidade entre as equipes tem suas raízes no final do século XIX, quando ambos os clubes foram fundados por trabalhadores dos estaleiros no Leste de Londres. O Millwall, criado em 1885, representava os trabalhadores dos estaleiros da Ilha dos Cães, enquanto o West Ham, fundado em 1895 como Thames Ironworks FC, era o clube dos trabalhadores de outro estaleiro ao longo do Rio Tâmisa. Essa proximidade geográfica, combinada com a competição feroz por empregos e oportunidades em um cenário econômico difícil, alimentou uma rivalidade profunda.

A disputa entre os clubes era, na verdade, uma extensão das tensões diárias entre essas comunidades, com o futebol servindo como um campo de batalha simbólico. Nos anos 70 e 80, a rivalidade foi exacerbada pela cultura dos hooligans, criando um ciclo de violência e ódio que só intensificou a animosidade entre as torcidas, consolidando essa rivalidade como uma das mais perigosas e intensas do futebol mundial.

Primeiros confrontos:

Os primeiros confrontos entre Millwall e West Ham ocorreram na Southern League, no início do século XX, e foram marcados por uma intensa rivalidade que frequentemente terminava em violência. Esses jogos eram mais do que simples partidas; eram oportunidades para as comunidades expressarem suas frustrações e lealdades de maneira visceral.

Em 17 de setembro de 1906, por exemplo, ocorreu uma das partidas mais memoráveis da época. O jogo, realizado no terreno do Millwall, terminou em uma briga generalizada entre os jogadores e as torcidas, estabelecendo um padrão de animosidade que continuaria a crescer nos anos seguintes. Esses primeiros confrontos consolidaram a ideia de que o jogo entre Millwall e West Ham era muito mais do que futebol – era uma batalha simbólica entre comunidades.

A cultura dos Hooligans e os anos de violência

Nos anos 70 e 80, o hooliganismo tornou-se um componente central na rivalidade entre Millwall e West Ham, com as gangues de torcedores – os “Bushwackers” do Millwall e os “Inter City Firm” do West Ham – ganhando notoriedade por sua violência organizada. Esses grupos transformaram os dias de jogo em verdadeiros campos de batalha, onde a rivalidade ia além das arquibancadas e se manifestava em confrontos brutais nas ruas de Londres.

A escalada da violência durante esse período ajudou a solidificar a reputação desse confronto como um dos mais temidos e perigosos da Inglaterra, com a mídia frequentemente destacando os episódios de caos envolvendo as duas torcidas.

Foto: Reprodução | The Sun



Cenário mais recente:

Apesar de o Millwall e o West Ham terem passado muitos anos em divisões diferentes, o ódio entre os dois clubes nunca diminuiu. Sempre que os dois times se enfrentam, as autoridades de Londres são obrigadas a mobilizar grandes contingentes de segurança para evitar conflitos violentos. Mesmo assim, o clima em torno dessas partidas é de extrema tensão.

Essa rivalidade foi imortalizada em filmes como “Green Street Hooligans” (2005), que dramatiza a cultura dos hooligans e destaca a intensidade dessa rivalidade. Além disso, o ambiente hostil dos jogos entre Millwall e West Ham continua a ser uma característica definidora da cultura do futebol em Londres.

Henrique Assunção

Editor do Sports Context

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