O dia em que Messi calou o Bernabéu

Quando Real Madrid e Barcelona disputavam a liderança de LaLiga em 2017, Messi foi o ponto diferença, mais uma vez

23 de abril de 2017. Santiago Bernabéu, Madrid. Um El Clásico que prometia muito e entregou tudo. Real Madrid e Barcelona se encontraram mais uma vez, em um daqueles confrontos que vão muito além de um simples jogo de futebol. Em jogo, a liderança de La Liga e, como sempre, o orgulho de duas das maiores torcidas do mundo. No final daquela noite, uma imagem se tornaria eterna: Lionel Messi, erguendo sua camisa em frente à torcida do Real Madrid, em um gesto que simbolizava muito mais do que uma vitória.

O cenário estava montado. De um lado, o Real Madrid de Zidane, poderoso e confiante, jogando em casa e carregando a vantagem na tabela. Do outro, o Barcelona de Luis Enrique, em busca de redenção, precisando desesperadamente de uma vitória para manter viva a chama do título. Um duelo que trazia o melhor de cada lado: Cristiano Ronaldo contra Lionel Messi, Sergio Ramos contra Gerard Piqué, dois gigantes prontos para mais um embate épico.

O início do jogo foi elétrico. O Real Madrid, empurrado por sua torcida, começou pressionando, jogando com intensidade e buscando impor seu ritmo. Aos 28 minutos, a primeira explosão de alegria para os madridistas. Casemiro, sempre oportunista, aproveitou um rebote após cabeçada de Sergio Ramos na trave e empurrou para o fundo das redes. O Bernabéu explodiu em festa. 1 a 0 para o Real. O caminho parecia aberto para a consolidação da liderança.

Real Madrid 2-3 Barcelona: Messi scores dramatic winner | Daily Mail Online
Foto: Reuters

Mas o Barcelona tinha um plano. E esse plano, como tantas vezes antes, girava em torno de Lionel Messi. Menos de cinco minutos depois do gol de Casemiro, Messi recebeu uma bola no meio-campo, driblou Modrić com uma leveza desconcertante, deixou Carvajal no chão e finalizou com precisão no canto de Keylor Navas. 1 a 1. O empate devolvia o Barcelona ao jogo e lembrava a todos que, enquanto Messi estivesse em campo, nada estava decidido.

O ritmo não diminuiu. O jogo era aberto, cheio de intensidade e chances para ambos os lados. Ter Stegen e Keylor Navas faziam defesas espetaculares, mantendo o placar empatado e a tensão no máximo. O segundo tempo começou tão frenético quanto o primeiro, com as duas equipes se alternando em momentos de domínio. O Real Madrid buscava o gol com velocidade e força, enquanto o Barcelona, fiel ao seu estilo, tentava controlar o jogo com a posse de bola e a genialidade de seus jogadores.

Aos 73 minutos, veio o golpe que parecia definir o jogo. Em uma jogada de habilidade e inteligência, Rakitic, com um chute seco e preciso de fora da área, colocou o Barcelona na frente. 2 a 1. O Bernabéu silenciou por um instante. O título parecia escapar das mãos do Real Madrid. Mas a história daquele El Clásico ainda estava longe de ser escrita.

O Real Madrid, como de costume, não se entregou. Mesmo com Sergio Ramos sendo expulso após uma entrada dura em Messi — um momento de pura frustração e descontrole —, o time merengue continuou lutando. E aos 85 minutos, a recompensa veio. James Rodríguez, recém-saído do banco, completou um cruzamento de Marcelo e empatou a partida. 2 a 2. O estádio explodiu novamente. Um empate que parecia suficiente para manter o Real no controle da corrida pelo título.

Mas o destino tinha outros planos. E esses planos envolviam um nome: Lionel Messi. O relógio marcava 92 minutos. O jogo parecia destinado ao empate, até que Sergi Roberto iniciou uma arrancada épica desde a defesa. A bola passou por André Gomes e chegou a Jordi Alba, que, com um toque sutil, achou Messi na entrada da área. E aí, o mundo parou. Messi dominou, olhou o gol e, com a calma de um artista pintando sua obra-prima, finalizou de canhota no canto de Navas. 3 a 2 para o Barcelona.

Messi showing off his shirt to Real Madrid fans after 3-2 goal in El  Clasico. Probably the pic of the day. : r/sports
Messi mostra sua camisa à torcida do Real Madrid | Getty

O silêncio no Bernabéu foi ensurdecedor. Messi, com a frieza de quem já havia feito aquilo mil vezes, correu até a torcida do Real Madrid, ergueu sua camisa e a mostrou ao mundo. Aquele gesto, imortalizado em tantas fotos, foi um recado: “Estou aqui. Este é o meu jogo.”

Aquela vitória não foi apenas mais um triunfo em um El Clásico. Foi uma afirmação. Uma afirmação de que Lionel Messi era, e sempre seria, o maestro do Barcelona. Em uma noite onde o destino parecia sorrir para o Real Madrid, Messi reescreveu a história com um gesto simples, mas carregado de significado.

Naquela noite de abril de 2017, o Barcelona não venceu apenas o Real Madrid. Eles reafirmaram sua identidade. E Lionel Messi, como tantas vezes antes, mostrou por que é um dos maiores que o futebol já viu.

O Bernabéu se calou, mas o mundo inteiro aplaudiu.

Cristian Bessone

Editor do Sports Context

Jornalista em formação pela Unesp Bauru.

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