Conheça a história de Alfredo Di Stéfano, o astro argentino que mudou o futebol com sua genialidade, conquistou o Real Madrid e se tornou uma lenda do clube e do futebol
-09/10/2024
Conheça a história de Alfredo Di Stéfano, o astro argentino que mudou o futebol com sua genialidade, conquistou o Real Madrid e se tornou uma lenda do clube e do futebol
Alfredo Di Stéfano não foi apenas um jogador de futebol. Ele foi uma força da natureza, um visionário dentro de campo que mudou o jeito de jogar e entender o esporte. De origem argentina, Di Stéfano brilhou em várias nações, deixando uma marca profunda no futebol mundial. Sua trajetória vai além das estatísticas. Ele foi o coração do Real Madrid, elevando o clube a um patamar nunca antes alcançado e se tornando um dos maiores nomes da história do futebol.
Alfredo Di Stéfano nasceu em 4 de julho de 1926, em Buenos Aires, Argentina. Filho de imigrantes italianos, cresceu em uma família de classe média na capital argentina. Desde pequeno, ele mostrou aptidão para o esporte, especialmente o futebol, que era uma paixão nacional. Sua infância foi marcada pelos jogos de rua com amigos, e logo se destacou por sua velocidade e inteligência tática. Di Stéfano era uma combinação rara de técnica, visão de jogo e força física.
Ainda jovem, Alfredo ingressou nas categorias de base do Club Atlético River Plate, um dos gigantes do futebol argentino. Sua ascensão nas categorias de base foi meteórica. Em 1945, aos 19 anos, ele fez sua estreia pela equipe principal do River Plate. Apelidado de “La Saeta Rubia” (A Flecha Loira) por causa de sua velocidade e cabelos loiros, Di Stéfano rapidamente se tornou uma peça fundamental no ataque do time.
No River Plate, Di Stéfano começou a mostrar seu talento ao mundo. Ele fez parte da famosa equipe chamada de “La Máquina”, uma das melhores formações da história do futebol argentino. Com ele no comando do ataque, o River conquistou títulos e impressionou adversários com sua habilidade técnica e capacidade de decidir jogos. Di Stéfano tinha um faro para o gol, mas também uma visão única para abrir espaços e criar oportunidades para seus companheiros.
Em 1949, uma greve de jogadores na Argentina forçou Di Stéfano a buscar novos rumos. Ele decidiu se transferir para o Millonarios, da Colômbia, em uma época em que o futebol colombiano vivia uma fase de ouro com a chegada de grandes estrelas internacionais. No Millonarios, Di Stéfano continuou a brilhar, conquistando títulos e ganhando fama internacional como um dos melhores jogadores do mundo. Seu estilo de jogo versátil, combinando velocidade, habilidade técnica e uma incrível visão de jogo, chamou a atenção de clubes europeus.
Em 1953, após uma disputa envolvendo Barcelona e Real Madrid, Alfredo Di Stéfano assinou contrato com o clube merengue, e essa decisão mudaria para sempre a história do futebol. O presidente do Real Madrid, Santiago Bernabéu, conseguiu garantir a contratação do jogador que se tornaria o coração da equipe durante a década seguinte.
A chegada de Di Stéfano ao Real Madrid marcou o início de uma era de supremacia absoluta no futebol europeu. Entre 1956 e 1960, o Real Madrid venceu cinco edições consecutivas da recém-criada Taça dos Clubes Campeões Europeus (hoje a Liga dos Campeões), e Di Stéfano foi a grande estrela de todas essas conquistas. Ele não era apenas um atacante letal, mas também um organizador de jogo, um jogador que defendia, atacava e criava oportunidades com a mesma intensidade.
Di Stéfano marcou em todas as finais dessas cinco conquistas europeias, algo que nunca havia sido feito antes e que o colocou no mais alto patamar da história do futebol. Sua atuação na final de 1960, uma goleada de 7-3 sobre o Eintracht Frankfurt, foi considerada uma das melhores performances de todos os tempos. Ele marcou três gols, e o Real Madrid foi coroado como a maior equipe da Europa.
O que tornava Alfredo Di Stéfano diferente de outros atacantes era sua capacidade de jogar em qualquer posição. Ele era um verdadeiro “jogador total” — um conceito que se popularizou anos depois com a Holanda de Johan Cruyff, mas que já havia sido exemplificado por Di Stéfano em seus dias no Real Madrid. Ele não ficava restrito à área como um típico centroavante. Di Stéfano recuava para buscar a bola, iniciava jogadas, armava o ataque, defendia e, claro, também finalizava com maestria.
Com essa capacidade multifuncional, Di Stéfano redefiniu o papel de um atacante no futebol. Seu entendimento do jogo e sua inteligência tática eram incomparáveis. Ele era o verdadeiro comandante dentro de campo, e sua liderança fez do Real Madrid uma equipe praticamente imbatível durante a década de 1950.
Um dos aspectos mais intrigantes da carreira de Alfredo Di Stéfano foi sua trajetória pelas seleções nacionais. Nascido na Argentina, ele fez sua estreia pela seleção albiceleste em 1947, ano em que conquistou o Campeonato Sul-Americano (atual Copa América). No entanto, sua carreira internacional tomou um rumo inesperado quando ele se transferiu para a Colômbia e, posteriormente, para a Espanha.
Devido às regras de elegibilidade na época, Di Stéfano defendeu três seleções diferentes: Argentina, Colômbia (em partidas não oficiais) e Espanha. Pela seleção espanhola, ele jogou a maior parte de sua carreira internacional, mas ironicamente, nunca disputou uma Copa do Mundo, um fato que marcou sua trajetória com uma dose de melancolia. Sua ausência nos Mundiais é vista como uma das grandes injustiças do futebol, já que o talento de Di Stéfano poderia ter brilhado no maior palco do futebol mundial.
Di Stéfano jogou no Real Madrid até 1964, quando se transferiu para o Espanyol de Barcelona, onde encerrou sua carreira em 1966, aos 40 anos. Ao longo de sua carreira, ele marcou mais de 500 gols e conquistou diversos títulos, tanto a nível nacional quanto internacional. No Real Madrid, seu legado é incomparável: foram 8 títulos de La Liga, 5 da Liga dos Campeões e diversos prêmios individuais, incluindo duas Bolas de Ouro (1957 e 1959).
Após sua aposentadoria como jogador, Di Stéfano iniciou uma carreira como treinador. Ele comandou equipes como Boca Juniors, River Plate e Valencia, onde conquistou o título espanhol em 1971. No entanto, seu sucesso como técnico nunca se equiparou ao seu impacto como jogador.
Fora de campo, Alfredo Di Stéfano era uma figura respeitada, um homem que sempre manteve uma postura humilde, apesar de suas conquistas grandiosas. Ele permaneceu envolvido com o Real Madrid até o fim de sua vida, servindo como presidente honorário do clube.
Alfredo Di Stéfano faleceu em 7 de julho de 2014, aos 88 anos, após sofrer um infarto. Sua morte foi um momento de luto para o mundo do futebol. Personalidades do esporte de todas as partes prestaram homenagens a Di Stéfano, reconhecendo-o como um dos maiores jogadores de todos os tempos. O Real Madrid declarou luto oficial, e seu presidente, Florentino Pérez, afirmou: “Di Stéfano mudou a história deste clube e do futebol.”
Alfredo Di Stéfano foi mais do que um jogador de futebol. Ele foi um dos pilares sobre os quais o futebol moderno foi construído. Sua capacidade de dominar todas as áreas do campo, sua inteligência e liderança inigualáveis, fizeram dele um jogador incomparável. Seu legado vive não apenas nos títulos que conquistou, mas na maneira como ele transformou o Real Madrid em uma potência global. Di Stéfano é, sem dúvida, uma lenda eterna, que continua a inspirar gerações de jogadores e torcedores.
Jornalista em formação pela Unesp Bauru.
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