Johan Cruyff e o eterno futebol total

Irreverente, Cruyff sempre irá viver; seja nos corações dos apaixonados por futebol, ou nas táticas revolucionárias que desenvolveu

Johan Cruyff é um daqueles nomes que transcendem o próprio esporte. Não se trata apenas de um jogador ou treinador que colecionou títulos, mas de uma figura que revolucionou o futebol e deixou um legado que molda o jogo até hoje.

Nascido em 25 de abril de 1947, em Amsterdã, Cruyff começou sua trajetória no Ajax, clube que o moldou e onde ele começaria a mudar o futebol para sempre. Desde cedo, sua visão de jogo era algo que impressionava. Não era apenas um craque com a bola nos pés, mas um jogador que enxergava o campo como poucos, antecipando jogadas e sempre um passo à frente dos adversários. Sua habilidade técnica era extraordinária, com dribles precisos, passes milimétricos e uma leitura de jogo que o colocava em um patamar diferente.

Foi no Ajax que Cruyff começou a implementar, mesmo que intuitivamente, os princípios do “Futebol Total”, uma filosofia que mais tarde seria creditada a ele e ao técnico Rinus Michels. Essa abordagem inovadora quebrava as barreiras das posições fixas em campo, promovendo uma dinâmica onde todos os jogadores participavam ativamente tanto da defesa quanto do ataque. No Ajax, essa filosofia não só funcionou, como transformou o clube em uma potência do futebol europeu, conquistando três Copas dos Campeões consecutivas entre 1971 e 1973. Cruyff, que já era o cérebro do time, tornou-se uma figura mítica na Europa, sendo eleito três vezes o melhor jogador do mundo.

Seu impacto no Ajax foi tão grande que quando ele deixou o clube em 1973 para se juntar ao Barcelona, levou consigo não apenas sua habilidade, mas também a semente de uma revolução que transformaria o clube catalão. No Barça, Cruyff não era apenas um jogador de destaque, mas sim um líder, alguém que ditava o ritmo do time e que rapidamente se tornou um ídolo da torcida. Seu estilo de jogo, caracterizado por passes rápidos, controle de posse e uma ofensividade quase arrogante, encantava a todos. Em 1974, ele ajudou o Barcelona a conquistar o título da La Liga, quebrando um jejum de 14 anos, e mais do que isso, estabeleceu uma nova mentalidade no clube.

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Mas talvez o ápice de sua carreira como jogador tenha sido a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. A seleção holandesa, liderada por Cruyff, encantou o mundo com um futebol vistoso, ousado e ofensivo, que ficou conhecido como “Carrossel Holandês”. Embora a Holanda tenha terminado como vice-campeã, perdendo para a Alemanha Ocidental na final, o impacto daquela equipe foi tão grande que é lembrada até hoje como uma das maiores seleções de todos os tempos. Cruyff, com sua movimentação elegante, passes incisivos e a lendária “Cruyff Turn” — uma finta que até hoje é reproduzida por jogadores ao redor do mundo —, se consolidou como o maior expoente dessa geração dourada.

Depois de pendurar as chuteiras, Johan Cruyff continuou a exercer sua influência no futebol, dessa vez à beira do gramado. Como treinador, ele levou sua filosofia de “Futebol Total” ao Barcelona, onde construiu o famoso “Dream Team” nos anos 90. Sob sua orientação, o Barça não só dominou o futebol espanhol, mas também conquistou sua primeira Liga dos Campeões, em 1992, estabelecendo-se como uma força dominante na Europa. O estilo de jogo implementado por Cruyff, que priorizava a posse de bola, o ataque fluido e a inteligência tática, tornou-se a base para o que viria a ser a identidade do Barcelona nas décadas seguintes, influenciando treinadores como Pep Guardiola, que levaria essa filosofia a novas alturas.

Mas a vida de Cruyff, como a de tantos grandes gênios, teve seus altos e baixos. Em 2015, ele foi diagnosticado com câncer de pulmão, uma notícia que abalou o mundo do futebol. Em março de 2016, aos 68 anos, Johan Cruyff nos deixou, marcando o fim de uma era. Sua morte foi sentida profundamente não só pelos fãs do Ajax, do Barcelona e da seleção holandesa, mas por todos que reconheciam sua contribuição inestimável para o futebol. Cruyff enfrentou a doença com a mesma coragem e determinação que o caracterizavam em campo, mas sua partida deixou um vazio que jamais será preenchido.

A morte de Johan Cruyff marcou o fim de uma era no futebol mundial. Ele havia sido diagnosticado com câncer de pulmão em 2015, e apesar de sua luta corajosa contra a doença, Cruyff faleceu em 24 de março de 2016, aos 68 anos. Sua partida deixou um vazio imenso no futebol, e sua ausência é sentida até hoje em todos os cantos do mundo onde o futebol é celebrado.

Filho e discípulo, Jordi e Guardiola refletem sobre o legado de Johan Cruyff  | Painel Tático | ge
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O legado de Cruyff, no entanto, é imortal. Mais do que os títulos e as conquistas, ele deixou para o futebol uma filosofia que celebra a liberdade, a criatividade e a inteligência em campo. Seu impacto no jogo vai além das estatísticas; está na maneira como o futebol é jogado e pensado. Johan Cruyff não foi apenas uma lenda, mas um visionário, alguém que mudou para sempre a forma como o futebol é visto e praticado. E por isso, ele será sempre lembrado, não apenas como um dos maiores jogadores e treinadores da história, mas como o homem que transformou o futebol em arte.

Cristian Bessone

Editor do Sports Context

Jornalista em formação pela Unesp Bauru.

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