Alex Ferguson é o maior treinador de todos os tempos?

Alex Ferguson, o mestre por trás da era de ouro do Manchester United, viveu glórias inesquecíveis e derrotas marcantes, construindo uma dinastia baseada na resiliência e na reinvenção constante.

Se existe um nome que se tornou sinônimo de liderança, sucesso e longevidade no futebol, esse nome é Alex Ferguson. Sir Alex, como ficou conhecido após ser condecorado pela Rainha, é muito mais do que o técnico mais vitorioso da história do Manchester United; ele é um dos grandes arquitetos do futebol moderno. Sua carreira é uma narrativa que combina glórias épicas, derrotas dolorosas e um espírito indomável que sempre buscou a vitória, mesmo diante das maiores adversidades.

Nascido em 31 de dezembro de 1941, em Govan, um bairro operário de Glasgow, na Escócia, Alexander Chapman Ferguson cresceu em um ambiente de resiliência e luta. Desde cedo, aprendeu que nada na vida vem fácil. Essa mentalidade o acompanharia durante toda a sua trajetória. Como jogador, Ferguson teve uma carreira modesta, atuando principalmente na Escócia, mas foi como treinador que ele encontrou seu verdadeiro chamado. Ele começou sua carreira de técnico no East Stirlingshire e depois no St. Mirren, mas foi no Aberdeen que ele chamou a atenção do mundo.

Nos anos 80, Ferguson fez o improvável. Com o Aberdeen, um clube fora do tradicional eixo de poder do futebol escocês, ele quebrou a hegemonia dos gigantes Rangers e Celtic. Em 1983, conquistou a Recopa Europeia, derrotando o poderoso Real Madrid na final. Foi ali que o mundo percebeu que Alex Ferguson era mais do que um técnico promissor; ele era um estrategista formidável, capaz de montar equipes que podiam vencer qualquer adversário.

Essa fama crescente o levou ao Manchester United em 1986, um clube que, na época, estava longe da glória que uma vez havia alcançado sob o comando de Sir Matt Busby. O United estava em declínio, e Ferguson sabia que a reconstrução seria árdua. Os primeiros anos foram complicados. O United lutava na tabela da liga, e os torcedores começavam a perder a paciência. Houve até rumores de sua demissão, especialmente após uma sequência de maus resultados na temporada de 1989-1990. No entanto, o que salvou Ferguson foi a vitória na FA Cup de 1990. Essa conquista deu ao técnico o tempo necessário para implementar sua visão de uma equipe renovada.

E que visão era essa. Na década de 90, o Manchester United se transformou. Com uma filosofia que combinava juventude e experiência, Ferguson construiu uma equipe vencedora em todos os sentidos. Em 1993, após 26 anos de espera, o United finalmente conquistou o título da Premier League, o primeiro de muitos. Naquele momento, Ferguson não apenas tirou o peso do passado do clube, mas também lançou as bases para um império. Sob seu comando, o United dominou o futebol inglês nos anos seguintes, com jogadores como Eric Cantona, Ryan Giggs, Roy Keane, Paul Scholes e David Beckham assumindo papéis centrais.

O auge da era Ferguson veio em 1999, com o histórico Treble — a conquista da Premier League, da FA Cup e da UEFA Champions League na mesma temporada. A final da Champions League, contra o Bayern de Munique, é uma das partidas mais dramáticas da história do futebol. Perdendo por 1 a 0 até os acréscimos, o United virou o jogo com gols de Teddy Sheringham e Ole Gunnar Solskjaer, em uma reviravolta de tirar o fôlego. Ferguson, naquele momento, parecia ter o toque de Midas. Ele era o mestre da virada, da motivação e da resiliência.

Sir Alex Ferguson's 11-word reaction to Man Utd winning the Champions  League in 1999 - Mirror Online
Popperfoto/Getty Images

No entanto, como em qualquer grande história de glória, também houve momentos de dor e derrota. Em 1998, o United perdeu o título da Premier League para o Arsenal, comandado por Arsène Wenger, um de seus maiores rivais. A batalha entre Ferguson e Wenger foi uma das rivalidades mais icônicas da Premier League, marcada por confrontos tensos, provocações e, claro, respeito mútuo. Mas não foi apenas a competição local que trouxe amargura. Em 2009 e 2011, Ferguson levou o Manchester United a duas finais de Champions League contra o Barcelona de Pep Guardiola. Em ambas as ocasiões, o United foi derrotado de forma contundente, deixando claro que mesmo os gigantes podem ser superados.

Além das derrotas em campo, Ferguson também enfrentou desafios fora dele. A aposentadoria repentina de Eric Cantona, a lesão devastadora de Roy Keane e a transferência polêmica de David Beckham para o Real Madrid foram momentos de dor que testaram a capacidade de liderança de Ferguson. Mas talvez o momento mais traumático tenha sido a perda de sua esposa Cathy Ferguson em 2023, anos após sua aposentadoria. Cathy era sua rocha, sua maior apoiadora, e sua ausência foi um golpe que Ferguson sempre sentiu profundamente.

Apesar das adversidades, o legado de Alex Ferguson é construído sobre a sua capacidade de se adaptar e reinventar suas equipes ao longo de décadas. Ele guiou o Manchester United a 13 títulos da Premier League, 5 Copas da Inglaterra, 4 Copas da Liga Inglesa, 2 Champions League e inúmeros outros troféus, estabelecendo um padrão quase inalcançável de sucesso.

Aposentado em 2013, Ferguson deixou uma marca indelével no Manchester United e no futebol mundial. Ele não foi apenas um treinador que ganhou títulos; ele foi um construtor de dinastias, um líder que inspirou gerações, um homem que, vindo de um bairro operário de Glasgow, mostrou ao mundo que a grandeza não vem apenas dos momentos de glória, mas da habilidade de se erguer após cada queda. Sir Alex Ferguson é um testemunho vivo de que a verdadeira grandeza está em nunca parar de lutar.

Cristian Bessone

Editor do Sports Context

Jornalista em formação pela Unesp Bauru.

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